EXCLUSIVA: Definida a área da primeira Estação de Tratamento de Esgoto de Camaquã

Aegea, responsável pelo tratamento de água e esgoto, trabalha no projeto da primeira Estação de Tratamento de Esgoto de Camaquã.

OBRAS E INFRAESTRUTURA

Plantão da Lagoa

10/22/20253 min ler

primeira Estação de Tratamento de Esgoto de Camaquã
primeira Estação de Tratamento de Esgoto de Camaquã

Camaquã vive uma transformação histórica no setor de saneamento básico. Em entrevista, o secretário de Planejamento e Mobilidade Urbana, Rafael de Moura, detalhou o primeiro grande projeto da Aegea, concessionária responsável pelos serviços de água e esgoto do município.

Segundo ele, o projeto da primeira Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) está em fase avançada e deve começar a sair do papel ainda neste ano.

De acordo com o secretário, a área destinada à ETE já foi definida. O local fica entre os dois trevos da BR-116, na região da Várzea, e ocupa cerca de cinco a sete hectares. A estrutura contará com uma bacia de decantação moderna, projetada para tratar o esgoto gerado em diferentes pontos da cidade.

“Essa é a primeira grande entrega da Aegea dentro do contrato firmado com o município. Eles já estão contratando profissionais e devem apresentar o projeto final ainda neste ano”, afirmou Moura.

A nova estação será o ponto central da bacia 01, que abrange os bairros Cohab e Olaria, e também atenderá outros bairros próximos. Segundo o secretário, a implantação da rede de esgoto começará justamente por essas regiões, que ficam mais próximas da futura ETE.

“Essa obra é um divisor de águas para Camaquã. Além de melhorar o saneamento, vai gerar empregos e garantir mais qualidade de vida para a população”, destacou.

Sistema moderno e redes separadas

Atualmente, Camaquã utiliza um sistema misto, no qual parte do esgoto cloacal se mistura com a drenagem pluvial. Esse modelo, comum em cidades que se desenvolveram antes do novo marco regulatório, já não é permitido pelas regras nacionais.

“O marco do saneamento exige a separação total das redes. Uma será de drenagem, voltada à água da chuva, e a outra será exclusiva para o esgoto doméstico”, explicou o secretário.

Com a mudança, a Prefeitura seguirá responsável pela drenagem pluvial, incluindo bocas de lobo e manutenção das galerias, enquanto a Aegea cuidará do sistema de esgoto cloacal. A instalação da nova rede será feita com tubulações menores e mais rápidas de instalar, o que reduz o impacto nas vias públicas.

“É uma obra ágil e com interferência mínima. Na maioria dos casos, a rede será instalada nas calçadas, evitando transtornos no trânsito e no comércio”, destacou Moura.

Além disso, o novo modelo trará melhorias significativas na pavimentação. “Ao separar as redes, evitamos que areia e detritos entrem nos tubos. Isso reduz entupimentos e aumenta a durabilidade das ruas”, explicou.

Benefícios ambientais e econômicos

O avanço do saneamento trará reflexos diretos na saúde pública e no meio ambiente. “Com o esgoto tratado, reduzimos a contaminação do solo e dos cursos d’água. Isso é um ganho ambiental enorme para toda a região”, avaliou o secretário.

Contudo, ele destacou que o novo serviço também impactará as tarifas. “O esgoto não é medido individualmente, então o valor cobrado corresponde a um percentual da conta de água. Nacionalmente, esse percentual gira entre 70% e 80% do consumo de água”, explicou Moura.

Apesar do aumento, o secretário enfatizou que o benefício é muito maior. “Estamos falando de saúde, de valorização imobiliária e de sustentabilidade. Essa é uma obra que melhora a cidade em todos os sentidos”, afirmou.

O exemplo do esgoto de Campo Grande

Durante a entrevista, Moura citou a experiência de Campo Grande (MS) como referência positiva. Lá, a Aegea atua sob o nome Águas de Guariroba, responsável por um sistema de esgoto 100% tratado.

“Campo Grande é um exemplo de como é possível implantar o saneamento completo de forma organizada e sem grandes transtornos. Queremos seguir esse caminho em Camaquã”, afirmou o secretário.

Ele destacou ainda que o Brasil ainda tem índices baixos de tratamento de esgoto, mas ressaltou que cidades que investem cedo nesse tipo de infraestrutura colhem resultados duradouros. “Estamos nos antecipando às metas nacionais. Essa é uma conquista que vai impactar gerações”, completou.

Com a implantação da ETE e a nova rede de esgoto, Camaquã dá um passo decisivo rumo à universalização do saneamento básico.