EXCLUSIVA: Definida a área da primeira Estação de Tratamento de Esgoto de Camaquã
Aegea, responsável pelo tratamento de água e esgoto, trabalha no projeto da primeira Estação de Tratamento de Esgoto de Camaquã.
OBRAS E INFRAESTRUTURA


Camaquã vive uma transformação histórica no setor de saneamento básico. Em entrevista, o secretário de Planejamento e Mobilidade Urbana, Rafael de Moura, detalhou o primeiro grande projeto da Aegea, concessionária responsável pelos serviços de água e esgoto do município.
Segundo ele, o projeto da primeira Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) está em fase avançada e deve começar a sair do papel ainda neste ano.
De acordo com o secretário, a área destinada à ETE já foi definida. O local fica entre os dois trevos da BR-116, na região da Várzea, e ocupa cerca de cinco a sete hectares. A estrutura contará com uma bacia de decantação moderna, projetada para tratar o esgoto gerado em diferentes pontos da cidade.
“Essa é a primeira grande entrega da Aegea dentro do contrato firmado com o município. Eles já estão contratando profissionais e devem apresentar o projeto final ainda neste ano”, afirmou Moura.
A nova estação será o ponto central da bacia 01, que abrange os bairros Cohab e Olaria, e também atenderá outros bairros próximos. Segundo o secretário, a implantação da rede de esgoto começará justamente por essas regiões, que ficam mais próximas da futura ETE.
“Essa obra é um divisor de águas para Camaquã. Além de melhorar o saneamento, vai gerar empregos e garantir mais qualidade de vida para a população”, destacou.
Sistema moderno e redes separadas
Atualmente, Camaquã utiliza um sistema misto, no qual parte do esgoto cloacal se mistura com a drenagem pluvial. Esse modelo, comum em cidades que se desenvolveram antes do novo marco regulatório, já não é permitido pelas regras nacionais.
“O marco do saneamento exige a separação total das redes. Uma será de drenagem, voltada à água da chuva, e a outra será exclusiva para o esgoto doméstico”, explicou o secretário.
Com a mudança, a Prefeitura seguirá responsável pela drenagem pluvial, incluindo bocas de lobo e manutenção das galerias, enquanto a Aegea cuidará do sistema de esgoto cloacal. A instalação da nova rede será feita com tubulações menores e mais rápidas de instalar, o que reduz o impacto nas vias públicas.
“É uma obra ágil e com interferência mínima. Na maioria dos casos, a rede será instalada nas calçadas, evitando transtornos no trânsito e no comércio”, destacou Moura.
Além disso, o novo modelo trará melhorias significativas na pavimentação. “Ao separar as redes, evitamos que areia e detritos entrem nos tubos. Isso reduz entupimentos e aumenta a durabilidade das ruas”, explicou.
Benefícios ambientais e econômicos
O avanço do saneamento trará reflexos diretos na saúde pública e no meio ambiente. “Com o esgoto tratado, reduzimos a contaminação do solo e dos cursos d’água. Isso é um ganho ambiental enorme para toda a região”, avaliou o secretário.
Contudo, ele destacou que o novo serviço também impactará as tarifas. “O esgoto não é medido individualmente, então o valor cobrado corresponde a um percentual da conta de água. Nacionalmente, esse percentual gira entre 70% e 80% do consumo de água”, explicou Moura.
Apesar do aumento, o secretário enfatizou que o benefício é muito maior. “Estamos falando de saúde, de valorização imobiliária e de sustentabilidade. Essa é uma obra que melhora a cidade em todos os sentidos”, afirmou.
O exemplo do esgoto de Campo Grande
Durante a entrevista, Moura citou a experiência de Campo Grande (MS) como referência positiva. Lá, a Aegea atua sob o nome Águas de Guariroba, responsável por um sistema de esgoto 100% tratado.
“Campo Grande é um exemplo de como é possível implantar o saneamento completo de forma organizada e sem grandes transtornos. Queremos seguir esse caminho em Camaquã”, afirmou o secretário.
Ele destacou ainda que o Brasil ainda tem índices baixos de tratamento de esgoto, mas ressaltou que cidades que investem cedo nesse tipo de infraestrutura colhem resultados duradouros. “Estamos nos antecipando às metas nacionais. Essa é uma conquista que vai impactar gerações”, completou.
Com a implantação da ETE e a nova rede de esgoto, Camaquã dá um passo decisivo rumo à universalização do saneamento básico.
